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Economia circular e sustentabilidade foram destaques no 4º Encontro Anual do Setor de Colas, Adesivos e Selantes

Terca-Feira, 31 de Outubro de 2023

Foto: Reprodução/Abiquim


Cerca de 130 pessoas participaram, no dia 26 de outubro, do 4º Encontro Anual do Setor de Colas, Adesivos e Selantes, evento online realizado pela Abiquim com o objetivo de trazer uma análise da importância das estatísticas do setor, além de demonstrar como os adesivos podem contribuir para a economia circular e a sustentabilidade.

 

Na abertura do evento, André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim, afirmou que

a Abiquim passou recentemente por uma grande transformação, a partir de um planejamento estratégico, para ter uma visão consolidada e focada do futuro da indústria química brasileira e cujo propósito é fomentar a competitividade, o investimento e o crescimento do setor com ênfase em ESG, matriz energética, cadeia de suprimentos e inovação.

 

Nesse sentido, ele disse que o 4º Encontro de Colas, Adesivos e Selantes se insere perfeitamente dentro dessa missão, apoiada em 4 pilares de ação - reforçar cada vez mais o advocacy da associação em relação a todos os stakeholders, agentes públicos e privados que são necessários para se construir um ambiente de negócios com segurança jurídica; ampliar a rede de relacionamentos, levando em conta todo o elo da cadeia produtiva de químicos de uso industrial e nesse quesito, o setor de colas, adesivos e selantes representa um desses elos; gerar conteúdo técnico cada vez mais forte para o advocacy e baseado em fatos e ciência, como suporte de ação; e ser desenvolvedor de recursos, promovendo a capacitação técnica do setor. 


André Passos Cordeiro: “Fortalecer o papel do setor de
Colas, Adesivos e Selantes é uma das metas da Abiquim”
Foto: Reprodução/Abiquim


Passos destacou ainda que a Abiquim construiu grandes comissões temáticas - prosperidade e competitividade; assuntos aduaneiros; relações externas; logística e segurança, energia, matéria prima, desenvolvimento sustentável e economia circular – e fóruns de discussão, um deles o de Colas Adesivos e Selantes. “Nosso objetivo é fortalecer o papel desse elo da cadeia química e ir mais além nas relações com a terceira geração, ou seja, com os clientes do setor. Atrás ainda da primeira geração, com os fornecedores de matéria-prima. Com este fórum, queremos fortalecer ainda mais o papel das associadas da Abiquim, a capacidade de articulação, interlocução e construção de soluções que as associadas da Abiquim do setor de colas, adesivos e selantes podem ter não só para o próprio setor, mas para a economia brasileira como um todo, agregando sobretudo, membros do governo, sociedade civil, e parceiros estratégicos entre eles a Associação Brasileira de Embalagens (ABRE) e da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), presentes hoje nessa reunião. Fica aqui, portanto, o convite para ampliarmos cada vez mais esse fórum, no sentido de construir uma agenda coletivamente. O encontro de hoje é fundamental para solidificar essa estratégia.”

 

 

Para falar sobre a importância das estatísticas do setor de colas, adesivos e selantes, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, começou sua apresentação dando um panorama da indústria química nacional, além de ressaltar que ela é líder em química de renováveis e a mais sustentável do mundo. “Podemos afirmar que, dentro desse contexto, há uma participação expressiva do setor de colas, adesivos e selantes que ao longo dos anos se transformou no Brasil. Na década de 90 havia uma predominância de colas de origem solvente e hoje a maior fatia de tudo o que se produz de colas no País é à base de água. Ou seja, isso deve ser objeto de reconhecimento, esforço desse segmento, bem como da cadeia que demanda esses produtos, um esforço que foi feito a partir da substituição de solvente de origem fóssil por água.”

 

Coviello, porém, afirmou que apesar da importância do setor e da pujança do Brasil no âmbito da sustentabilidade, o diagnóstico da química brasileira não é muito favorável, marcado pelos piores resultados nos últimos 17 anos. Segundo ela, o Brasil preocupa pela excessiva participação das importações sobre a demanda local, que se encontra em declínio, o que mostra que o produtor local está perdendo espaço para o produtor de lá de fora. “Isso é muito ruim porque não apenas a indústria química, que está na base das cadeias, está sofrendo, mas também pode indicar um recuo nas atividades dos setores e clientes de cola. Um recuo também na atividade da construção civil. automobilística, borrachas, calçados, construção civil, couro, descartáveis higiênicos, embalagens, fitas adesivas, gráfico, madeireiro e papel e celulose. O produto importado, vindo sobretudo de países asiáticos e que estão se beneficiando dos baixos preços de insumos comercializados pela Rússia, por conta das sanções da guerra com a Ucrânia, alcançou 45% nos primeiros oito meses de 2023; o índice de utilização da capacidade instalada ficou em 65% na média no mesmo período.”


Fátima Giovanna Coviello Ferreira: “Pesquisas são essenciais
para tomadas de decisão”
Foto: Reprodução/Abiquim


A diretora da Abiquim complementou, enfatizando que os dados são bem complicados, mas as estatísticas ajudam a Abiquim no advocacy junto ao governo. Por isso, ela reiterou a fala do André, do quanto é importante a união das cadeias estratégicas da química para enfrentar esse momento delicado. Ela também destacou a importância das estatísticas, cujo objetivo é suprir associadas, não associadas, órgãos do governo, imprensa, estudiosos e demais interessados com informações econômicas e estatísticas sobre o desempenho da indústria química no País, bem como impactos de políticas macroeconômicas e fatores externos sobre o segmento de produtos químicos de uso industrial. “É uma ferramenta que norteia as tomadas de decisão, sejam elas de caráter de uma empresa, seja no âmbito de investimento ou adoção de uma tecnologia. É muito importante para o setor, para a indústria, mas sobretudo para o governo e uma entidade de classe para defender as necessidades do setor. O dimensionamento desse mercado é de extrema relevância para o setor químico e toda a sociedade envolvida.”

Com relação ao mercado de Colas, Adesivos e Selantes, segundo Coviello, a última informação que a Abiquim divulgou foi sobre o período entre 2006 e 2021 e os dados consolidados de 2022 serão apresentados até o final deste ano. Ela afirmou que a cola base água representa hoje 58% de tudo o que o Brasil produz de colas; já as colas base solvente tem um peso de 20% e os hotmelt aparecem com uma fatia de 15%, um mercado cujo faturamento é de cerca de US$ 1 bilhão. “O mercado doméstico é o maior destino da produção local com um percentual de 95%; 5% vão para exportação. Importante termos todos esses dados, por isso é fundamental o engajamento de todas as empresas do segmento, mantendo a regularidade no envio das informações”, reforçou a executiva.

 

Economia Circular e Sustentabilidade

Luciana Pellegrino, diretora executiva da Associação Brasileira de Embalagem (ABRE) foi a convidada do encontro para falar sobre este tema dentro do segmento de embalagens. Ela afirmou que o crescimento exponencial da população mundial gerou um aumento elevado no consumo e, consequentemente no descarte, resultando em um estresse ambiental no planeta.

 

Na sua visão, hoje sustentabilidade significa equilíbrio e, para atender as necessidades da sociedade global, é preciso trazer eficiência e otimização, sobretudo para mitigar os impactos que vem acontecendo. “Não somente buscar o menor escoamento de resíduo e de rejeito, e sim, entender que eles não deveriam existir. Tudo pode ser um recurso para realimentar o sistema, até quando estamos falando em resíduos orgânicos.”


Um dos destaques da sua apresentação foi a cadeia pós-consumo que envolve diferentes elos encadeados. “Quem é essa cadeia que vai revalorizar essa embalagem? Este é um dos grandes desafios hoje em dia, já que essa cadeia é muito difusa e conta com diferentes atores que não estão exatamente articulados como esses atores que compõem a cadeia produtiva.”


Luciana Pellegrino: “É fundamental entender o ciclo
de vida do produto e da embalagem”
Foto: Reprodução/Abiquim


O descarte é pulverizado e diverso, segundo Pellegrino, ou seja, para esse material seguir para a circularidade e para o processo de reciclagem, ele passa pelos catadores e essa separação precisa ter valor - hoje 90% dos resíduos que são reciclados, advindos do pós-consumo, tem esse desafio de separar esse material gerando valor.

 

Ela também chamou a atenção para a necessidade de se entender claramente o ciclo de vida do produto e da embalagem desde a sua concepção, fabricação, consumo, descarte e reciclagem. “Mesmo estando em uma ponta da cadeia, para uma indústria química, fabricante de adesivos e selantes, precisamos olhar para toda essa jornada da embalagem. De todo volume de plásticos que circulam no mercado de embalagens plásticas, a porcentagem que volta para reciclagem é de 12%”, disse Pellegrino, que também é presidente da Word Packaging Organization (WPO).

 

Entre os caminhos para essa circularidade ela indicou a durabilidade com o uso estendido da embalagem; reutilização industrial, como com as garrafas pet; reuso e refil aplicados por diferentes indústrias, como a de cosméticos por exemplo, com perfumes e batom; e até mesmo produto que vira serviço – case da marca Omo, que trouxe ao mercado lavanderias compartilhadas para otimizar a equação de embalagem, uso de água e energia.

 

Pellegrino reforçou que essa questão não é mais sobre a embalagem em si, sobre o adesivo em si, mas sim a cadeia como um todo. Ela diz que é dessa forma que a circularidade acontece, inclusive engajando o consumidor, dando exemplos de cases de embalagens que trazem um passo a passo de como o consumidor pode fazer o descarte eficiente.

 

Dentro do segmento de calçados, Silvana Dilly, superintendente da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), apresentou a Certificação Origem Sustentável, única certificação de ESG e sustentabilidade no mundo voltada para as empresas da cadeia calçadista. 


O programa, criado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e a ASSINTECAL, proporcionou a cocriação de um protocolo que leva o nível de maturidade das empresas brasileiras e coloque a indústria em um patamar avançado e de liderança no tema.

 

Segundo Dilly, a certificação tem como referência os mais elevados padrões de sustentabilidade e ESG, em nível nacional e internacional. “Esses padrões estão em constante evolução e atualização, consolidando sustentabilidade como um alvo móvel que se transforma de forma contínua, alimentada por novas tecnologias, inovações, mudanças nos contextos sociais, culturais, e políticos, dentre diversos outros fatores. 


Silvana Dilly: “Certificação Origem Sustentável traz
transparência nos resultados de cada empresa certificada”
Foto: Reprodução/Abiquim


As empresas participantes do Origem Sustentável assumem a responsabilidade de desenvolver e alcançar as metas dos indicadores das dimensões gestão da sustentabilidade, econômica, ambiental, social e cultural. Cada um dos indicadores avalia o desempenho das empresas para garantir níveis de certificação do programa. São um total de 104 indicadores distribuídos em 5 dimensões: gestão de sustentabilidade, dimensão econômica, dimensão ambiental, dimensão social, dimensão cultural.

 

Dilly disse também que a certificação Origem Sustentável é segmentada em quatro níveis denominados bronze, prata, ouro e diamante. Cada nível representa um estágio de maturidade dos alvos do processo de certificação, partindo do mais básico, bronze, até o nível de liderança e referência em sustentabilidade e ESG – diamante.

 

Aos responder aos indicadores do Programa Origem Sustentável, a empresa irá somar uma quantidade de pontos, conforme seu desempenho em relação à conformidade com os diversos níveis possíveis. Esta pontuação alcançada é o primeiro elemento necessário para o cálculo do percentual de aproveitamento, que vai definir o nível de certificação da Organização.

 

“As empresas são incentivadas e recebem uma orientação para divulgar e usar seus selos de certificação em seus materiais de marketing digital e físico e também em embalagens, sacolas, documentos e todos os outros que se sentirem à vontade para promover sua jornada no ESG por meio da Origem Sustentável. Uma versão do selo é feita com um QR individual que traz informações em uma página especial construída no site Origem Sustentável. Isso traz transparência nos resultados de cada empresa certificada”, explicou a superintendente.

 

Ao final do encontro, sob o tema “Como as Missões da Abiquim poderão direcionar o Segmento de Colas, Adesivos e Selantes ao atingimento da Sustentabilidade dos adesivos”, Paulo Gala, economista da FGV, ressaltou que a grande chance de o Brasil competir globalmente, sobretudo reindustrializar-se, está na sustentabilidade.

 

Ele destacou que há uma assimetria muito grande em relação a vários aspectos da concorrência brasileira em relação a outras empresas no mundo. Sob o aspecto de economia de escala, por exemplo, ele mostrou como a produção industrial do Brasil é menor e sequer chega a US$200 bilhões por ano, enquanto a americana é de US$ 2 trilhões/ano e a chinesa de US$4 trilhões/ano. “Custo Brasil, infraestrutura e carga tributária também contribuem para esse cenário alarmante que o País vem enfrentando com a elevação das importações”, completou. “Sem uma política industrial adequada não teremos condições de competir no mercado global. É como colocar o boxeador peso pena para lutar com o Mike Tyson no auge da sua forma”, comparou o economista. 



Paulo Gala: ‘Sustentabilidade é o verdadeiro caminho
para o Brasil voltar a se desenvolver”
Foto: Reprodução/Abiquim


Como pela via economia de escala está difícil do Brasil competir, a opção, segundo Gala, que se abre para o País é a competição por nichos. “A sustentabilidade pode ser o grande nicho do Brasil no mundo. Essa deve ser a marca brasileira. Esse, aliás, é o espírito das missões da Abiquim para a indústria química brasileira, porque para o Brasil a sustentabilidade vai além de uma questão de compliance. Trata-se de um negócio brasileiro. As empresas nacionais, a meu ver, deveriam encarar a sustentabilidade com uma grande oportunidade de negócio. Essa pode ser a grande chance do Brasil para competir no mundo”, reiterou Gala, ressaltando que

 

a matriz energética brasileira é a mais limpa do mundo com a eólica, fotovoltaica, hidrelétrica. “Hoje para se ter ideia, a matriz eólica brasileira já supera Itaipu, e representa 10% da produção energética brasileira.”

 

O Brasil, continuou, não tem a maior escala de produção, mas produz de uma maneira mais limpa no mundo. “Precisamos levar adiante essa bandeira de sustentabilidade, cobrar um prêmio para esses produtos que são, mais ambientalmente sustentáveis e mais limpos. Este é o verdadeiro caminho para o Brasil voltar a se desenvolver”, finalizou.