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BNDES e Abiquim realizam 1º Seminário de Descarbonização da Indústria Química

Terca-Feira, 29 de Agosto de 2023

 Foto: Divulgação/Abiquim


Cerca de 85 pessoas participaram do 1º Seminário de Descarbonização da Indústria Química, evento promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com a Abiquim, realizado no dia 22 de agosto no formato híbrido - virtual e presencial na sede do Banco, no Rio de Janeiro.

 

Pelo BNDES, participaram do evento, José Luis Pinho Leite Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior; João Paulo Pieroni, superintendente da Área de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior; Flávio Mota, chefe do Departamento de Indústria de Base e Extrativa; Cláudia Prates, chefe do Departamento de Transição Climática; e Márcio Henriques, gerente do Departamento de Indústria de Base e Extrativa; além de Verena Hitner, secretária-Executiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). Pela Abiquim, estiveram presentes, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística; e Camila Hubner, gerente de Assuntos Regulatórios, Sustentabilidade e Inovação; e virtualmente participaram André Passos Cordeiro, presidente executivo; e Guilherme Marques, assessor de Inovação e Sustentabilidade; além de representantes de empresas do setor químico. 

 

A iniciativa faz parte de uma programação de seis ciclos de debates que o BNDES está desenvolvendo com as indústrias de base - cimento, fertilizantes, aço, química, mineração e papel e celulose. Segundo José Luis Pinho Leite Gordon, Diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior, o objetivo é trocar experiências e conhecer mais a fundo as principais demandas de cada setor no sentido de preparar o Banco para trabalhar as devidas rotas de descarbonização por meio de soluções diferenciadas. “Ao final desses seis encontros, o BNDES vai gerar uma publicação compilando as principais pautas e rotas de cada setor.”


Na avaliação de Gordon, a descarbonização é um assunto prioritário para o governo, cuja intenção é resgatar a relevância de relacionamento que o Banco sempre teve com a indústria química, disponibilizando-se para entender o mercado, bem como suas oportunidades e investimentos. Ele ainda destacou que o BNDES está conduzindo também as tratativas para a atualização do estudo sobre o potencial de baixo carbono do Brasil, realizado em 2014.

 

Fátima Giovanna Coviello Ferreira começou a apresentação dando um panorama da indústria química nacional, enfatizando que o Brasil tem a indústria química mais sustentável do mundo. Ela mostrou a situação crítica pela qual o setor vem passando nas duas últimas décadas e que se intensificou pelo atual cenário geopolítico, desencadeando a entrada de um volume excessivo de importados e, consequentemente levando o setor ao pior resultado de produção e vendas dos últimos 17 anos.

 

Outra questão apontada por Coviello envolve a origem desses produtos que têm entrado no país. “Não é coerente para a sobrevivência da indústria nacional admitirmos a entrada de importados com alto grau de emissão de carbono e que não vêm, sobretudo, de uma matriz elétrica não renovável enquanto o Brasil se organizou nos últimos anos e pagou caro por uma produção limpa. A necessidade de uma taxa de ajuste de fronteira, a exemplo de países da União Europeia que protegem sua indústria, é urgente. O setor precisa da ajuda do BNDES para não perdermos nossos esforços e salvar a nossa competitividade”, disse a diretora da Abiquim.

 

Nesse sentido, Camila Hubner apontou o estudo da Consultoria Way Carbon contratado pela Abiquim que, entre outros resultados, mostrou que, para produtos estratégicos, a indústria química brasileira emite de 5% a 31% menos gases de efeito estufa que os principais concorrentes internacionais e que o setor é pioneiro em esforços de descarbonização sinalizando que a emissão de gases de efeito estufa da química brasileira (kgCO2eq/tonelada de produto) recuou de 468,4 para 248,2 de 2000 a 2016, o que representa uma redução de 47%, atingindo o patamar de 315,3 em 2021 (redução de 33% no período). “Essa retração no último período só ficou aquém a partir de 2016 por causa do aumento da capacidade ociosa, já consequência da perda de competitividade”, justificou a gerente da Abiquim.

 

André Passos Cordeiro reiterou que a descarbonização faz parte da agenda central da Abiquim, reforçando a posição privilegiada do Brasil comparado ao resto do mundo, em relação às emissões e à própria descarbonização. “Já percorremos um caminho grande, porém é importante destacar nossa preocupação com um potencial retrocesso nesse processo por conta das características do mercado internacional de químicos hoje no mundo, que acaba levando à uma retração na produção nacional e ao aumento de emissões por tonelada produzida por conta da retração dessa produção. Nosso desafio, portanto, é grande e estamos à inteira disposição do BNDES para juntos, chegarmos a um programa que vise o avanço da indústria química brasileira neste processo de descarbonização e redução de emissões que fizemos até agora.” 


Cases de sucesso das empresas Kurita, Rhodia Solvay e Braskem também foram compartilhados durante o encontro

 Foto: Divulgação/Abiquim


Ao final, Coviello relacionou as principais oportunidades para o Brasil na química dos renováveis e disse que a percepção da indústria é que participação do governo, em seus diferentes níveis, com engajamento em atividades de coordenação, promoção e fomento, será fundamental. Ademais, ressaltou que a missão de desenvolvimento da bioeconomia demanda um programa dedicado a esse fim. À semelhança do EU Green Deal ou o Inflaction Reduction Act dos EUA, a diretora da Abiquim disse que esse programa poderia ser a base de renascimento da indústria brasileira, em particular, em bases competitivas, viabilizando os necessários novos investimentos irradiadores de desenvolvimento sustentável para a economia brasileira.

 

O desfecho do encontro ficou a cargo de Márcio Henriques do Departamento de Indústria de Base e Extrativa do BNDES que afirmou que o Banco quer atuar em cima de gargalos tecnológicos e regulatórios e apoiar modernização tecnológica por meio de algumas ferramentas. “Uma delas é buscar novos fundings para apoiar esses investimentos; outra é atuar de maneiras diferentes de como atuávamos no passado, não somente em relação a créditos, mas também em garantias, concedendo aval e contando com a participação de outros agentes financeiros. O BNDES pretende ainda voltar a atuar em renda variável, participando do capital de empresas, inclusive empresas nascentes com capital de risco em negócios que sejam de baixo carbono, além de apoiar a academia.”

 

Na prática, Henriques apresentou o cardápio de soluções já disponíveis e destacou o Novo Fundo Clima, agora com foco à Indústria Verde e que usará como funding uma captação que o governo brasileiro pretende fazer no mercado internacional. “Imaginamos um custo indicativo, acrescido do spread bancário, algo em torno de 6,15% ao ano. Já quando falamos em apoio e inovação, a gente tem as vertentes não reembolsável - que hoje vem operando em parceria com o Embrapii, e no caso pretendemos operar sem parceiros - e o apoio reembolsável em inovação. Este último será regulamentado pelo CNDI e estará disponível em setembro; serão R$ 5 bilhões com uma taxa de 2,12%, que somado ao spread bancário resultará num total de 5%. Como a indústria química concentra o maior percentual de empresas inovadoras, de acordo com dados do IBGE, nossa expectativa é que esse recurso seja amplamente demandado por este setor”.