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Volume importado de químicos cresce acima de 10% no 1º trimestre de 2023

Terca-Feira, 23 de Maio de 2023

Produção, vendas internas e demanda caem em igual período; retirada do REIQ

e inserção de produtos na LETEC ajudam a explicar o cenário preocupante



Os resultados preliminares dos principais índices de volume dos produtos químicos de uso industrial encerraram o 1º trimestre de 2023 com decréscimos em relação a igual período do ano anterior. Produção recuou 11,45%, vendas internas caíram 6,6% e o consumo aparente nacional (CAN), resultado da soma da produção e da importação, menos a exportação, declinou 0,8%.

 

A menor produção também impactou expressivamente o nível de utilização da capacidade instalada, que recuou sete pontos percentuais na média dos primeiros três meses de 2023, ante igual período do ano passado, ficando em apenas 69%, o que representa uma ociosidade preocupante de mais de 30%. 


Por outro lado, o volume de importações, dos mesmos produtos, teve alta de 10,7% nos primeiros três meses do ano, sobre igual período de 2022, passando a ocupar uma fatia maior do mercado doméstico, de 41%, contra 37% nos primeiros três meses de 2022.

 

Os grupos de produtos com as maiores altas nos volumes de importações foram intermediários para fertilizantes, petroquímicos básicos e resinas termoplásticas (sobretudo pela inserção desses produtos na LETEC, em agosto do ano passado). No caso dos dois primeiros grupos analisados, se houvesse competitividade e disponibilidade de gás natural no País, essas importações poderiam ser evitadas ou minimizadas. No terceiro grupo, o efeito da retirada do Regime Especial da Indústria Química (REIQ) sobre o setor químico, em meados do ano passado, bem como da redução das alíquotas do imposto de importação de algumas resinas termoplásticas, a partir de agosto de 2022, em um cenário adverso e de agravamento da competitividade local, justificam a piora do dinamismo do mercado interno. Vale pontuar a decisão recente do governo federal de retirada das resinas termoplásticas da Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (LETEC), a partir de 1º de abril de 2023, corrigindo essa distorção, mas ainda sem reflexos nos resultados apresentados.

 

Acompanhe na tabela abaixo os principais indicadores do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC), da Abiquim:



Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, para completar este quadro interno, a indústria se ressente fortemente com o ambiente internacional, de instabilidade, com alta da inflação em diversos mercados, além do conflito entre Rússia e Ucrânia, que modificaram a dinâmica de preços dos energéticos no mercado mundial. “Por fim, muitas novas capacidades entraram no mercado americano e chinês nos últimos meses, contribuindo para um desbalanceamento momentâneo entre a oferta e a procura por produtos químicos justamente em um cenário adverso da economia nacional e internacional”, complementa a executiva.

 

Na análise dos últimos 12 meses encerrados em março de 2023, sobre os 12 meses imediatamente anteriores, os principais índices de desempenho dos volumes também são negativos: produção caiu 7,05%, consumo aparente nacional recuou 4,6%, enquanto as importações foram inferiores em 4,7%. O índice de vendas internas, que apresentava ligeiro acréscimo de 0,17% nos 12 meses findos em fevereiro, inverteu o sinal, passando a apresentar resultado negativo de 0,78% no período. Já a utilização da capacidade instalada ficou em 69% nos últimos 12 meses encerrados em março de 2023, mantendo mesmo nível operacional de 2022 (70%); e o volume de exportações recuou 18,7%.

 

A diretora da Abiquim afirma que o setor tem sofrido com a falta de competitividade e o fechamento de diversas plantas que utilizavam o gás natural como matéria-prima principal, como isocianatos, metanol, amônia e uréia, além de não terem sido realizados investimentos em novas capacidades produtivas e, como consequência, o País se tornou quase 100% dependente de importação desses produtos. “Apesar do cenário ruim dos últimos anos, o país precisa aproveitar a vocação natural e as vantagens comparativas que dispõe, em especial em termos de abundância de recursos naturais, tanto de gás quanto de matérias-primas e energia de fontes renováveis”, ressalta.

 

Ferreira completa, enfatizando que além de encaminhar importantes reformas estruturais ainda no primeiro semestre do ano, como a tributária, o país precisa também atacar outros custos que afetam a indústria. “Uma oportunidade de transformar esse cenário está refletida no andamento do Programa Gás para Empregar, anunciado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que pode tornar o Brasil mais competitivo, atraindo inúmeros investimentos que estão, há tempos, represados, ajudando na reindustrialização do País, uma das metas do atual governo. Garantia de energia e matéria-prima são os principais fatores para atração de investimento na química e o Brasil tem toda a possibilidade de oferecer essas possibilidades”, finaliza.