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Produção e demanda interna de químicos sofrem nova queda em setembro de 2022

Segunda-Feira, 31 de Outubro de 2022


Recuo dos volumes no 3º trimestre de 2022 leva segmento

a ter o mesmo desempenho de 2021



Em setembro de 2022, os principais índices de desempenho dos produtos químicos de uso industrial registraram resultados negativos, na comparação com o mês anterior, conforme dados preliminares dos indicadores Abiquim-Fipe. A produção caiu 1,39%, enquanto a demanda interna, medida pelo consumo aparente nacional (CAN), e o volume de importações recuaram 7,9% e 10,5%, respectivamente. Por outro lado, as vendas internas cresceram 1,93%, ocupando parcela maior da demanda local.


Os resultados de setembro deste ano foram inferiores também aos de igual mês do ano passado, mostrando a desaceleração já observada nos últimos quatro meses: produção (-9,76%), demanda interna (-13,8%) e volume importado (-19,0%). Como exceção, destaca-se o índice de vendas internas, que teve desempenho 0,72% melhor em setembro deste ano, sobre igual mês do ano passado. O indicador de utilização da capacidade instalada ficou em 66% em setembro de 2022, quatro pontos abaixo do que havia registrado em igual mês de 2021. O IGP-Preços-Abiquim-FIPE registrou deflação de 7,82% em setembro.


Acompanhe, na tabela abaixo, os principais indicadores do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Abiquim:



De acordo com Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, o cenário continua desafiador no período recente, não só no Brasil, mas em todo o mundo. “A crise entre Rússia e Ucrânia e a instabilidade gerada no que diz respeito ao cenário energético internacional acabam impactando toda a indústria, mas, em especial a química, que possui em sua base de produção matérias-primas básicas oriundas do setor de óleo e gás, além de ser usuária intensiva de energia elétrica. Os preços dos energéticos em geral (óleo, gás e eletricidade) têm subido de forma intensa, a confiabilidade de suprimento tem sido prejudicada e não há expectativa de uma solução de curto prazo.” 

 

Ferreira salienta ainda que essa crise afeta o mundo justamente quando se esperava uma recuperação econômica após a pandemia de Covid-19, com impactos severos na inflação, nos juros, no encarecimento da logística internacional e na performance econômica de diversos países. “A indústria química europeia e a brasileira, que tem sua base de produção ancorada em matérias-primas oriundas do petróleo, sofrem diretamente com esse cenário adverso, sobretudo pela enorme dependência por matérias-primas importadas. Os preços do gás no Brasil antes do conflito eram o dobro do europeu e o triplo do americano, mas essas referências estão ainda piores pela forte alta na cotação do GNL”, diz a diretora, ressaltando que o gás está custando cerca de US$ 20/MMBTU no Brasil, sem a margem de distribuição, enquanto a referência americana está perto de US$ 7,5/MMBTU.

 

Em setembro de 2022, o Real se desvalorizou 4,39%, em relação ao dólar, enquanto os preços do petróleo Brent e da nafta petroquímica, no mercado internacional, convertidos para reais, apresentaram queda de 7,06% e de 3,84%, respectivamente, na comparação com o mês de agosto.

 

Nos últimos 12 meses, de outubro de 2021 a setembro de 2022, o índice de produção foi negativo em 1,06% sobre os 12 meses anteriores, com ligeira piora em relação aos 12 meses anteriores, enquanto o de vendas internas recuou 2,70%. A utilização da capacidade instalada ficou em 72% nos últimos 12 meses. Vale registrar que, se o Brasil tivesse maior oferta de gás natural do pré-sal e competitividade, a indústria química poderia aproveitar muitas oportunidades de exportação, com a ocupação do parque instalado ocioso, de 28%.

Na comparação anualizada, o CAN apresenta praticamente o mesmo resultado de igual período do ano anterior, com resultado negativo de 0,4% nos 12 meses encerrados em setembro de 2022. Já o volume de importações recuou 4,5% entre outubro de 2021 e setembro de 2022, enquanto o de exportações cresceu 3,2%. As importações ocuparam fatia expressiva da demanda, alcançando 44% nos últimos 12 meses. Quanto ao índice de preços, houve elevação nominal de 1,36% no acumulado dos últimos 12 meses, até setembro.