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Hidrogênio Verde é tema de Workshop da Comissão de Tecnologia da Abiquim

Terca-Feira, 04 de Outubro de 2022


A Comissão de Tecnologia da Abiquim realizou no dia 27 de setembro o workshop ‘Hidrogênio Verde’, com o objetivo de trazer para os associados as novidades neste tema. O evento online contou com a participação de: Patricia Naccache Martins da Costa, assessora do Secretário-Executivo do Ministério das Minas e Energia (MME); Caio Mogyca, diretor de Desenvolvimento e Negócios da Air Liquide; Daniel Gabriel Lopes, diretor Comercial da Hytron; Bertrand Pavageau, líder de Pesquisa e Inovação da Solvay; Renata Ferrari, gerente de Descarbonização para a Unidade de Negócios Soluções Industriais da Yara; e Edson de Paiva Alves, diretor de Estratégia, Inovação e Desenvolvimento de Negócios da Unigel. Na moderação, Rafael Pellicciotta, gerente de Estratégia, Inovação e Desenvolvimento de Negócios na Braskem e coordenador da Comissão de Tecnologia da Abiquim.

 

André Passos Cordeiro, presidente-executivo em exercício da Abiquim, abriu o evento destacando a importância do hidrogênio verde como um dos grandes propulsores para o desenvolvimento do Brasil. Ressaltou ainda que ele é um dos pontos centrais da agenda da Abiquim, como parte da química de renováveis. “Com a crise do suprimento de gás para a Europa, a partir do conflito entre Rússia e Ucrânia, fica cada vez mais premente a criação de soluções alternativas de energéticos. “O mundo inteiro está construindo políticas visando o desenvolvimento do hidrogênio verde. Alemanha, é um exemplo - destinou 9 bilhões de euros num programa de estímulo ao hidrogênio e já aponta para mais 33 bilhões de euros.”

 

Dois temas que se relacionam entre si, continuou Cordeiro, têm chamado a atenção da sociedade brasileira no último período - fertilizantes e hidrogênio. “O Brasil, cujo coração da economia está no agronegócio, não só pela questão energética, mas pela própria produção de bens, de fertilizantes de amônia verde, tem diante de si a tarefa de acelerar ainda mais o desenvolvimento desse segmento da indústria química.” E complementou, relembrando as vantagens comparativas do Brasil no cenário global por conta da ampla disponibilidade de ar, ventos, água e solo. “Basta superarmos hoje nosso maior obstáculo: a capacidade de coordenar a iniciativa privada e o poder público. É o desafio, sobretudo, da sociedade brasileira como um todo, no sentido de não perdermos a oportunidade de gerar riqueza a partir desta inovação, que é a produção de hidrogênio”.

 

A primeira painelista, Patricia Naccache Martins da Costa, cujo tema da sua apresentação foi o Panorama sobre as ações do Governo Brasileiro dedicadas à promoção do desenvolvimento da produção comercial de hidrogênio verde, destacou a Resolução nº6 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE,) que estabeleceu o Programa Nacional do Hidrogênio baseado em três pilares: políticas públicas, tecnologia e mercado, conciliando o poder público, iniciativa privada e academia com o objetivo de identificar gargalos para desenvolver esse mercado no País. Para tanto, segundo a assessora do MME, de acordo com essas diretrizes, foram considerados seis itens principais para esse programa: a parte de ciência e tecnologia, treinamento e capacitação, planejamento energético, arcabouço regulatório, crescimento do mercado competitivo e cooperação internacional. O Plano tem um comitê gestor composto por ministérios e cinco grupos de trabalho que têm, entre suas metas, oferecer uma orientação estratégica, considerando o desenvolvimento da produção de hidrogênio como um objetivo central de políticas públicas existentes e reafirmar compromissos internacionais assumidos pelo Brasil de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa.

 

Para falar sobre ‘Perspectivas do desenvolvimento da produção comercial de hidrogênio verde’, Caio Mojyca mostrou o que a Air Liquide tem desenvolvido e planejado, focado especialmente no Brasil. A empresa que atua no mercado industrial e de saúde em mais de 70 países, tem o hidrogênio como grande base de crescimento para os próximos anos, inclusive com o compromisso de até 2035 reduzir as emissões em 35% e ser totalmente carbono neutro até 2050. Mojyca disse ainda que a empresa tem como meta descarbonizar o total da sua produção de hidrogênio. Todas novas linhas de produção de hidrogênio da empresa já são projetadas para não emitir carbono. As linhas antigas, por sua vez, são trabalhadas em uma ação de descarbonização. Os produtos da Air Liquide, como o hidrogênio ou o biometano são importantes fontes de auxílio na descarbonização das atividades de seus clientes. O objetivo da empresa, de acordo com Mojyca, é aumentar três vezes as vendas de hidrogênio até 2035.

 

Oportunidades e desafios para o desenvolvimento da produção comercial de hidrogênio verde no Brasil, foi o tema trazido por Daniel Gabriel Lopes. Entre os projetos desenvolvidos pela Hytron no Brasil - empresa de base tecnológica cujo foco é o desenvolvimento de soluções para produção e purificação de hidrogênio -, o diretor comercial mostrou a primeira planta de produção de hidrogênio renovável a partir da eletrólise. Em parceria com a alemã Neuman & Esser Group, o equipamento será instalado até dezembro deste ano no Porto de Pecém, no Ceará, um hub importante de produção de hidrogênio verde para exportação. O projeto será entregue para a EDP Brasil, integrante do Grupo ‘Energias de Portugal’ e a oferta total é de cerca de 1,3 MW. O eletrolisador, segundo Lopes, será alimentado por fontes solares e eólicas que serão adequadas para gerar 250 Nm³/h de hidrogênio verde. “A capilaridade deste hidrogênio para exportação é óbvia, quando estamos falando do Estado do Ceará, do Nordeste, pela proximidade dos países que estão interessados em importar esse hidrogênio.”

 

Bertrand Pavageau fez uma palestra enfatizando os objetivos do Solvay One Planet para 2030, um plano da Solvay, elaborado em torno de três pilares: proteger o clima, preservar os recursos e garantir uma vida melhor, relacionando inclusive, dez resultados alcançados no período 2018/2020. Ele afirmou também que a Plataforma de Hidrogênio Verde da companhia está estruturada de forma transversal, subdividida de acordo com determinada indústria ou ecossistema - materiais renováveis e biotecnologia; materiais de baterias; compostos termoplásticos; e hidrogênio verde. O líder de pesquisa e inovação da Solvay também destacou soluções para descarbonizar setores críticos, seja para reduzir emissões ou atingir o carbono zero; produtos e soluções relevantes em toda a cadeia de valor do hidrogênio verde, bem como aplicações e resultado com o uso de eletrolisadores por meio de três tecnologias distintas. 

 

Já a penúltima painelista, Renata Ferrari, mostrou os projetos que a Yara tem desenvolvido mundialmente para descarbonizar suas operações, seja tanto pela rota da eletrólise, quanto pela rota do biometano. Ela mencionou também que o Brasil representa mais de 30% do faturamento mundial da empresa. “Temos uma presença em todo território nacional, principalmente na região centro sul. Hoje, nosso complexo principal de produção industrial está em Cubatão, onde se concentra nossos esforços em descarbonizar nossa produção no País.”

 

A Yara, completou Ferrari, tem uma meta de ser neutra em carbono até 2050 com metas intermediárias de reduzir 10% até 2025. “Temos um budget voltado exclusivamente para esse fim em todas as nossas plantas globalmente e um investimento previsto para mais de US$ 300 milhões. Com certeza é um grande desafio, mas vale mencionar que o trabalho que tem sido feito tem trazido também resultados animadores. De 2005 até 2019, a Yara conseguiu reduzir 45% das emissões da produção total, basicamente instalando catalisadores e inibidores nas plantas de produção de ácido nítrico”, finalizou.

 

Fechando o ciclo de apresentações, Edson de Paiva Alves falou sobre a primeira planta de hidrogênio verde no Brasil que será implantada pela Unigel no Polo de Camaçari, Bahia, onde a empresa já tem outras unidades de produção – acrilonitrila, amônia e estirênicos. “Temos uma área que estava reservada para expansões futuras e essa planta de hidrogênio fica bem localizada pela sinergia, seja pelas unidades existentes ou principalmente com o hidrogênio que vai ter como uma das aplicações, a produção de amônia.” Além disso, Alves disse que o Polo já traz toda uma infraestrutura como tuborias e faixa de servidão com utilidades e disponibilidade para que eles façam transferências da produção. E uma nova subestação elétrica da concessionária que vai permitir à Unigel aquisições de energia.

 

“Na primeira fase, estamos falando de 60 MW que vão atender muito bem o projeto dentro de um objetivo de curto prazo, ou seja, a disponibilidade de energia, contratos e parcerias com energia renovável, que é outro item fundamental, e a disponibilidade ou a oportunidade de conseguir equipamentos que nos atendessem também com esse porte para 60 MW, dentro do plano que foi estabelecido. Vamos começar focando indústria e produção de amônia”, detalhou o diretor da Unigel. “Como segunda fase, partiremos para 240 MW, já que, dentro deste conceito de inovação, a empresa quer discutir outras aplicações, seja para aviação e veículos, e, dentro daquilo que o Polo de Camaçari também permite, a facilidade para o transporte de hidrogênio, via pipeline, em alguns clientes e outras aplicações que aqui já são existentes com outra origem de hidrogênio. Vamos explorar e aproveitar esse espaço para desenvolver esse mercado com o olhar no hidrogênio na linha de renováveis”, finalizou Alves. 


Rafael Pellicciotta conduziu um rico debate entre painelistas e o público no desfecho do evento, ressaltando que o workshop trouxe contribuições sobre tudo o que está acontecendo no desenvolvimento de tecnologias, oferta de equipamentos e materiais para o setor, além de mostrar a visão daqueles que produzem e consomem hidrogênio verde.