APOIO:

ANUNCIE

AQUI

Home > Notícias Abiquim
Notícias Abiquim

Químicos: volume vendido cresce no 2º trimestre de 2022, apesar dos resultados negativos de junho

Terca-Feira, 02 de Agosto de 2022

Insumos e matérias-primas pressionados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia,

logística e alta de preços no mercado internacional favorecem vendas internas



De acordo com os dados preliminares dos indicadores Abiquim-Fipe, que medem o comportamento dos produtos químicos de uso industrial, no mês de junho de 2022 em comparação ao mês anterior, o índice de vendas internas caiu 1,06% e as importações recuaram 10,9%, o que se refletiu em um CAN 6,1% menor. Já a produção apresentou elevação de 4,50%, com destaque para o desempenho das exportações, que cresceram 2,2%.

 

Como reflexo, o nível de utilização da capacidade instalada ficou em apenas 64% em junho de 2022, mesmo percentual de maio. Em relação aos preços praticados no mercado doméstico, houve alta nominal de 0,04% em junho, após ter apresentado elevação de 2,06% em maio de 2022, seguindo o comportamento dos preços dos produtos químicos no mercado internacional. 


Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, a economia mundial está sofrendo com a alta dos preços e a escassez de recursos energéticos, com consequente impacto na inflação, nos juros e na logística, sobretudo causados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.

 

“A indústria química, que tem sua base de produção ancorada em matérias-primas como nafta e gás natural, sofre com esse cenário adverso. No Brasil, cerca de 70% da nafta consumida localmente e metade do gás demandado vem sendo supridos por importações”, diz Coviello. Ela complementa ainda que os preços do gás no Brasil antes da guerra custavam o dobro do americano e o triplo do europeu, mas, atualmente esses valores estão sendo pressionados pela forte alta na cotação do GNL no mercado internacional, que teve a referência multiplicada por quatro nos primeiros seis meses deste ano e sem perspectivas de arrefecimento no curto prazo, bem como a alta do petróleo.

 

Confira, na tabela abaixo, os principais indicadores do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Abiquim: 



Apesar dos resultados do último mês de análise, no acumulado do 2º trimestre de 2022, o índice de vendas internas cresceu 10,09%, o CAN apresentou elevação de 1,1%, enquanto as importações tiveram alta de 1,5%, todas as variações em relação aos meses de abril a junho de 2021. O uso das instalações alcançou 67% no 2º trimestre deste ano. Em relação ao 1º trimestre deste ano, os dados também indicam melhora no que diz respeito ao CAN, com alta de 4,0%, e ao volume de importações, que cresceu 25,4%. Por outro lado, o índice de produção apresentou recuo entre abril e junho deste ano, tanto em relação a igual período do ano passado (-3,36%), quanto em relação ao 1º trimestre deste ano (-9,19%).

 

No que tange aos últimos doze meses, até junho de 2022, o índice de quantum da produção acumulou elevação de 1,15% e o de vendas internas caiu 5,26%, ambos sobre o período de doze meses imediatamente anterior, assim como o volume de importações que recuou de 2,5%. Destaque para as exportações, que cresceram 10,0% na média dos últimos doze meses, até junho de 2022. No que se refere à demanda doméstica, a variável teve alta de 1,5%.

 

Aqui, a diretora da Abiquim faz um parêntese para destacar os dados divulgados nesta semana pelo Banco Central, no relatório Focus, que mostram que a perspectiva para o PIB é de alta de 1,93% para todo o ano de 2022. Apesar do patamar baixo, esse resultado melhorou em relação às perspectivas de quatro semanas atrás, em que as projeções apontavam alta de 1,50%.

 

Ela explica que a demanda do segmento está diretamente atrelada ao desempenho do produto interno bruto, em especial em razão da essencialidade dos produtos químicos e do uso nas mais diferentes cadeias de produção, com elasticidade que varia entre 1.3 e 1.5 vezes o crescimento do PIB. “Após alcançar a fatia recorde de 47% do mercado doméstico no final de 2021, a participação das importações sobre a demanda caiu para 44% na média dos últimos doze meses, até junho de 2022. Com a alta dos preços no mercado internacional, o déficit na balança comercial de produtos químicos alcançou novo recorde, de US$ 57,35 bilhões nos últimos doze meses, até junho de 2022, resultado US$ 11 bilhões maior do que o do déficit de 2021, que havia sido de US$ 46,25 bilhões em 2021”, detalha.

 

Chama a atenção que o déficit de produtos químicos é exatamente do mesmo tamanho do superávit de mercadorias do Brasil, que alcançou US$ 57 bilhões nos doze meses encerrados em junho, com recuo de quase US$ 4 bilhões em relação ao superávit de 2021. “Ou seja, infelizmente o déficit da química pode comprometer os esforços de superávit da balança comercial de todo o Brasil”, ressalta Coviello.

 

Em relação aos preços, o IGP-Abiquim-FIPE acumulou alta nominal de 13,76% entre julho de 2021 e junho de 2022. Descontados os efeitos da inflação, os preços médios reais dos químicos apresentam variação real de 3,2% nos doze meses encerrados em junho de 2022, tendo sido esse resultado impactado sobretudo pela deflação acumulada no IGP Abiquim-FIPE nos primeiros três meses deste ano. A capacidade instalada do setor químico, por sua vez, operou com 73% do seu potencial nos 12 meses encerrados em junho de 2022, mesmo patamar de igual período anterior, mantendo ociosidade ainda em um nível elevado e mostrando que a indústria local tem condições de elevar a produção no curto prazo, sem necessidade de novos investimentos.