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Bioeconomia industrial é tema de evento da Abiquim

Segunda-Feira, 18 de Abril de 2022



“A indústria química brasileira é uma das mais sustentáveis do mundo e seguramente será líder em renováveis em um futuro próximo.” Essa foi uma das falas de Ciro Marino, presidente-executivo da Abiquim, ao iniciar o workshop sobre Bioeconomia Industrial, realizado pela Comissão de Tecnologia da entidade no dia 29 de março.

 

Segundo Marino, o hidrogênio verde, por exemplo, obtido por meio da energia solar e energia eólica é uma forte tendência. “Em energia renovável, ele é superimportante porque além de ser utilizado como fonte de energia, a química enxerga o hidrogênio também como matéria-prima para uma série de outros produtos como a produção de amônia verde e nitrogenados, que são os fertilizantes verdes para além do potássio, fósforo e nitrogenados, nossos minérios convencionais”, exemplificou Marino, ressaltando ainda a presença da química em 96% dos segmentos industriais como fornecedora de insumos, além de oferecer soluções e melhoria de processos.

 

O evento teve a participação de Matheus Schreiner Garcez Lopes, diretor global para Transição Energética e Investimentos na Raízen; Rodrigo Rocha Secioso de Sá, superintendente de Inovação da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP); Alessandro Rizzato, responsável do Instituto SENAI de Inovação em Biodiversidade e Silmar Barrios, responsável global pela área de Marketing para o mercado de tintas, limpeza e cuidados pessoais na Oxiteno. Na moderação do workshop, Cristina Schuch, gerente de R&I da Rhodia Solvay e vice-coordenadora da Comissão de Tecnologia da Abiquim, e Paulo Coutinho, do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras.

 

Brasil: campo fértil para bioeconomia

Na visão de Alessandro Rizzato, além da biodiversidade amazônica, há muito a ser explorado no Cerrado, na Caatinga e a própria Mata Atlântica. Em sua apresentação, ele falou sobre o novo Instituto Senai de Inovação em Biodiversidade e explicou que o projeto nascerá dentro de um distrito internacional de bioeconomia. “Vamos buscar alianças estratégicas em um trabalho de interação colaborativa com a Rede Senai de Inovação, hoje com 26 institutos, e demais interessados na temática, bem como outras Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), Agências, Fundos e Instrumentos de Fomento à Inovação nacionais e internacionais”, destacou Rizzato.

 

O projeto contemplará também um plano de desenvolvimento de competências baseado em times de experts para assegurar a efetividade da pesquisa de longo prazo, e integrar a uma rede internacional para atividades transversais. Por fim, o novo instituto contará com a infraestrutura de laboratórios e plantas-piloto para o desenvolvimento de pesquisas na transformação e no uso sustentável de recursos ambientais da biodiversidade brasileira, essenciais para consolidar competências, criar novos negócios e desenvolver um portfólio de valor.

 

Carbono negativo e cadeias de valor

Para falar sobre as novas ondas de inovação no setor sucroalcooleiro, Matheus Schreiner Garcez Lopes mostrou como a agricultura da cana-de-açúcar está conectada com o futuro globalizado da energia renovável. Lopes, que lidera a área de tecnologia e novos negócios na Raízen, disse que a tentativa da empresa é migrar da usina de cana para parques de bioenergia que, por sua vez terão açúcar, etanol e gás natural, parques de energia conectados no grid de gás e eletricidade abundante. “Dessa forma, se cria um ecossistema para expansão de outros negócios. Trabalhando etanol e açúcar como um vetor de molécula renovável para outras indústrias, amplia ainda nosso poder de descarbonização”, completou.

 

Dentro desse contexto, Lopes destacou soluções da empresa para mitigar mais ainda as emissões, entre elas, aumentar a produtividade da cana-de-açúcar, avaliar a biomassa de alto rendimento (variedades de cana-de-açúcar e cana-energia); adotar insumos de baixo carbono - por exemplo, produtos biológicos e amônia verde -; substituir o diesel por gás natural, biometano, etanol, biodiesel, H2, células de combustível e eletricidade e aumentar o teor de carbono no solo. A meta da Raízen é diminuir pela metade a pegada de etanol de primeira geração (E1G) com soluções de longo prazo, apostando no futuro de carbono negativo da cana, do etanol e do açúcar, bem como dessa cadeia construída a partir desta cultura.



Financiamento público

À frente da palestra ‘Financiamento público à bioeconomia industrial no Brasil’, Rodrigo Rocha Secioso de Sá, superintendente de Inovação da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) relacionou os modelos de financiamento que o Governo oferece para empresas que têm projetos em Bioeconomia. 


O objetivo do órgão público é atuar em toda cadeia de inovação, com foco em ações estratégicas, estruturantes e de impacto ao desenvolvimento sustentável do Brasil. Para Financiamento Reembolsável, a FINEP oferece apoio direto para empresas com faturamento superior a R$90 milhões. Já para as que possuem faturamento inferior a R$ 90 milhões, ela opera de maneira descentralizada – neste caso são 28 agentes descentralizados em todo país para atender pequenas e médias empresas que tem planos de inovação de menor porte. Toda política operacional – taxa de juros, carência e prazo de pagamento - pode ser acessada no site da FINEP (http://download.finep.gov.br/matriz_programas.html). Há ainda uma redução de taxas e ampliação do prazo do financiamento em projetos com parcerias com ICTs (Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação).

 

Dentro deste formato de crédito reembolsável direto, o Governo disponibiliza o FINEP Sustentabilidade - uma ação de fomento com uma redução na taxa de financiamento de acordo com o grau de inovação da iniciativa, onde é avaliado o nível de complexidade dela frente a outras soluções, bem como a relevância dessa inovação para o ecossistema, para o país como um todo. 

 

Já para financiamento não-reembolsável, a Finep oferece recursos financeiros a empresas para a realização de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação, sem necessidade de retorno. Segundo Secioso, com a retomada dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), este ano a FINEP tem um orçamento de cerca de R$ 4 milhões, que vai se estender nos próximos anos.

 

Mercado pós-pandemia

Para trazer uma perspectiva abrangente do mercado final, hábitos de consumo e como a indústria química vem endereçando as novas demandas e mudança de comportamento do consumidor, sobretudo após a pandemia, Silmar Barrios, da Oxiteno, focou sua apresentação no mercado de limpeza e cuidados pessoais, por ser um segmento importante no contexto da Bioeconomia.

 

De acordo com Barrios, hábitos adquiridos nos últimos dois anos como o uso frequente de álcool gel nas mãos, higienização de sacolas e produtos e o receio de tocar livremente em superfícies passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas, despertando uma consciência de higiene e limpeza sem precedentes.

 

“A questão da sustentabilidade, por sua vez, ganhou mais importância com a conscientização do consumidor que passou a olhar com critério a rotulagem e a composição dos produtos na busca por benefícios, efetividade e segurança ao meio ambiente. Num movimento quase que conjugado, as empresas buscaram se diferenciar no seu segmento em termos de sustentabilidade e efetividade de seus produtos, elevando assim o patamar do segmento permanentemente”, explicou.

 

A tendência no mercado de personal care, continuou Barrios, também sofreu alterações, uma vez que o consumidor, além de limpar com mais frequência os lares, passou a cuidar mais da sua pele e cabelos. “Já preocupado com os benefícios dos produtos, critérios de sustentabilidade e biodegradabilidade passaram a ser decisores de compra, desde que a performance permanecesse a mesma”, completou.